“Está a começar a deixar de ser atractivo concorrer à GNR e à PSP”, diz director da PJ

Luís Neves reiterou o apoio à valorização dos elementos das outras forças de segurança, após a PJ ter sido contemplada no final de 2023 com a atribuição de um suplemento de missão.

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Luis Neves, director Nacional da PolÍcia judiciária Daniel Rocha
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O director nacional da Polícia Judiciária considerou hoje que a falta de valorização remuneratória nas outras forças de segurança está a tornar menos atractiva a carreira na PSP e GNR, sublinhando que isso é um problema para o país.

Numa reacção à apresentação da proposta do Governo à plataforma de sindicatos e associações da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Guarda Nacional Republicana (GNR), Luís Neves reiterou o apoio à valorização dos elementos das outras forças de segurança, após a PJ ter sido contemplada no final de 2023 com a atribuição de um suplemento de missão que aumentou substancialmente as remunerações dos seus profissionais.

"Sempre disse que entendo que as pessoas devem ter melhores condições remuneratórias, porque está a começar a deixar de ser atractivo concorrer à GNR e à PSP. E é evidente que essas questões não são problemas nem para a PSP, nem para a GNR, são problemas para o colectivo e para o país", afirmou, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia do 113.º aniversário da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Luís Neves assumiu estar a falar não apenas como "dirigente de uma polícia que se suporta muitas vezes" nos colegas das outras forças de segurança, mas também "como cidadão", embora tenha admitido não conhecer em pormenor a proposta apresentada pelo Ministério da Administração Interna (MAI).

"Não conheço a proposta do Governo, é um assunto em que nós temos a questão resolvida. Não vou fazer nenhum comentário, porque não comento questões que não são da instituição. Já disse o que penso dos outros camaradas das outras forças, estamos felizes na relação que temos com eles e isso é o que importa todos os dias incentivar", sentenciou.

Na quinta-feira, a ministra da Administração Interna propôs um novo suplemento de missão para os elementos da PSP e da GNR entre os 365,13 e os 625,94 euros, que vai substituir o actual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Com este novo suplemento de missão, que tem como referência os vencimentos base do director-nacional da PSP e do comandante-geral da GNR, que é de é de 5.216,23 euros, há polícias e militares da GNR que ficam com um vencimento inferior ao que auferem actualmente, segundo os sindicatos da PSP e associações da GNR, que na quinta-feira estiveram reunidos com Margarida Blasco.

O actual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança que os elementos da PSP e GNR recebem tem uma componente variável que corresponde a 20% do salário base e uma componente fixa de 100 euros.

Segundo a proposta apresentada pelo Governo aos sindicatos da PSP, os oficiais passariam a ter um suplemento de missão de 12% da remuneração base do director nacional da PSP e do comandante da GNR, enquanto a percentagem para os chefes da PSP e sargentos da GNR é de 9% e para os agentes e guardas é de 7%.

Os polícias exigem um suplemento de missão idêntico ao que o anterior Governo socialista atribuiu à Polícia Judiciária, que em alguns casos levou a um aumento de cerca de 700 euros.

No final da reunião com a ministra, os dirigentes dos sindicatos da PSP e das associações socioprofissionais da GNR manifestaram-se completamente contra esta proposta do Governo e afirmaram sentir-se "extremamente injustiçados". A plataforma que congrega estas estruturas plataforma vai apresentar à ministra uma contraproposta na próxima reunião, em 15 de Maio.

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